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Numa mesma Consolação paulista, iluminada por flashes de carros tresloucados,
numa mesma esquina onde o refúgio fica aberto madrugada afora,
e em mesas por onde já se passaram tantas e tantas pessoas e se contaram tantas e tantas histórias, sentamo-nos juntos já há um ano. Parece pouco, mas foi o suficiente para cultivar amizades que com certeza durarão por muito e muito tempo. Pra mim é difícil dizer o tamanho da felicidade que tenho por conseguir manter estes encontros, cada vez maiores e cada vez mais cheios, em tempos onde o próprio tempo é escasso para nós. Verde ou veterano, destro, canhoto, digital ou matando no peito, não importa. Estamos agora todos lá, ironicamente tão concorrentes e tão amigos, tão admirados pelo talento uns dos outros. Detalhando truques, contando experiências, trocando informações, planejando projetos, explodindo em idéias, criando. Foda. Não queria estar em nenhum outro grupo a não ser este nosso.
Faz um ano desde o primeiro Bistecão Ilustrado. E com a palavra, meu querido Montalvo Machado.
“Ilustradores. Hã?
I L U S T R A D O R E S.
E o que fazem, onde estão, quem são?
Será que eles existem mesmo?
São profissionais do desenho, pessoas que passam a vida criando imagens, ilustrando para revistas, livros, embalagens, comerciais de TV, desenhos animados, estampas em camiseta, CDs, e tantas outras mídias, mas que se tornam quase invisíveis no dia-a-dia, pela quantidade imensa de horas que passam em seus estúdios. Mesmo entre eles o convívio, quando existe, costuma ser online ou no máximo por telefone. Que pessoal difícil de se encontrar. Não é de se estranhar que sejam tão pouco conhecidos. Mas isto tem mudado neste último ano, depois que o ilustrador Kako promoveu, em dezembro de 2005, o Bistecão Ilustrado. Este é um evento mensal que consegue desentocar dezenas destes artistas para se encontrar no ambiente descontraído do tradicional Sujinho, uma churrascaria na Av. da Consolação, em São Paulo. É lá onde passaram a conviver e se encontrar pessoalmente muitos artistas que se conhecem apenas pelos traços, estilos, técnicas, nomes ou textos trocados online. Esta é uma das poucas áreas onde profissionais se tornam amigos de seus ídolos, e no Bistecão algo que costumava ser uma prática individual, quase hermética, se tornou um evento dentro do evento: desenhar e colecionar desenhos de seus colegas, rascunhados em cadernos que circulam a noite toda de mesa em mesa, um hábito que já se tornou a grande tradição do encontro de ilustradores.
Mais do que ver as imagens, é fascinante ver a maioria dos artistas em ação, tirando do branco do papel as suas criações, que são sua marca registrada, a materialização de suas mentes criativas, em uma mídia relativamente nova, os cadernos de seus colegas. No final da noite até algumas xícaras e pires terminam pintados e disputados como souvenirs entre os colegas.
O Bistecão Ilustrado é aguardado mensalmente por todos ilustradores, e a idéia deu tão certo que já existe um encontro de ilustradores em Fortaleza, o Bistecão com Baião, que acontece mensalmente no Bar do Arlindo, nascido da mesma vontade de encontrar e conviver com seus colegas de prancheta (ou monitor), desenhar e se divertir entre seus pares.
Não se sabe se um dia o Bistecão se tornará uma franquia, mas já se pode dizer com certeza que o encontro é um sucesso, reunindo mais de 40 artistas na noite de comemoração do seu primeiro ano, e já faz parte da agenda de muitos ilustradores.” - Montalvo Machado
( Fotos: Kako, Fernanda Guedes, Montalvo Machado e James Kudo )
Bistecão Ilustrado de Dezembroso começou no horário de sempre no segundo andar do Sujinho, e quase como que combinado, figurinhas tarimbadas chegam sempre na mesma ordem, como Chico Bela, sempre um dos primeiros a aparecer.
Dieguito Sanches e André Kenji confabulam histórias secretas..
... enquanto Japs prepara mais um de seus rabiscos da noitada em seu Palm analógico.
Fellipe Gonzales pela primeira vez da o ar de sua graça engraçada no Bistecão...
... acompanhado pela tatuadíssima Lara. Como diria minha nona com aquele sotaque italiano carregado : “Mas essa minina tá tooooda riscada!!!”
Fernanda Guedes assina um de seus tão esperados calendários, entregues para os que estavam nas primeiras horas do Bistecão. Queres um? É só aparecer.
Saca só o Spacca sacar canetas e a prancheta... sua marca registrada no Bistecão.
E a noite começa a vingar com a chegada de mais convivas...
... enquanto outros já começam a ocupar as duas pontas da longa mesa. Lá na Zona Leste, Japs, Newton Verlangieri, Montalvo Machado e Andréa Kulpas esperam a porção de calabreza.
Na Zona Oeste, Artur Fujita, Eduardo Schaal e Marcelo Campos planejam a conquista do inferno entre uma cerveja e uma porção de polenta.
A casa lotando, mais e mais ilustradores chegando, e o pavor estampado nos olhos do nosso anfitrião, que berrava aos sete ventos que o mundo ia acabar. No entanto, Shuman e La Guedes não pareciam estar preocupados com o apocalipse iminente. Sabe-se lá porquê, Eduardo Schaal continuava a imitar a saudação satânica de George W. Bush, supostamente exaltando o Texas Longhorns, time do coração da besta-fera americana.
E assim, a mesa que era um “I”, virou um “L”, depois um “J” e por fim um imenso “U”. O segundo andar estava completamente dominado para desespero do Alemão que logo logo iria precisar de ajuda. Nunca um encontro foi tão cheio como esse.
Sam Hart chega, bagunça o coreto e vaisembóra como um viking dinamarquês em busca de novas pilhagens. Deu tempo só pra um abraço.
Laurinha Teixeira e Spacca no pós-bife... “Quiçá um pudim?”, ponderam.
_ Blá!!!
_ Blá blá!!!
_ Blá blá blá!!!
_ Ouié...
Orlando Pedroso folheia um dos cadernos do Bistecão...
... enquanto Octavio Cariello canta tangos y milongas para Léo Gibran. Monsieur Catani sai de fininho que é pra não atrapalhar...
Virtuose da caricatura, Gustavo Duarte, um segundo antes de desintegrar o colega com sua fulminante visão de raio laser.
Rogério Vilela, Luiz Rosso e Phelippe Gonçalves sob o olhar atento do Alemão, logo atrás... “Será que esse caras não percebem que estão no caminho da minha cozinha?” pensa nosso querido garçom...
Mais ao lado, Fernanda Guedes ensina aos bolinhas como perder a papada para uma foto “momento polenta”:
_ Põe a lingua pra frente e pra cima, pressionando o céu da boca e os dentes...
_ ACHIM?
_ Mais...
_ ACHIIIIIMMMM???
_ Um pouco mais...
_ HHHHGGGHGHGHHH... estou com cãibras... acho que só uma lipo nos salvará!!!
Andréa Kulpas, la guapa rubia e sus guapos gatitos.
Kakóóóóóóóóóóóó e Caribééééééééééé...
... o dono do “Let’s Vamos Sketchbook”, o mais cobiçado de todos os cadernos, que merece urgentemente levar aquele perdido.
Heil Orla!!! Heil Orla!!! Baby Heil!!! Clayton Jr. cutuca Baby Hitler de Orlando.... “Pára de chorar moleque!!!”
Diego Sanches que havia passado os últimos 4 dias e 4 noites em uma rave, ficou desacorçoado - como diria a minha avó - ao se lembrar que deixou a panela de feijão no fogo antes de sair de casa. Montalvo, tentando segurar o ataque de riso, sob o olhar de reprovação de Luiz Rosso.
Cariello mostra com quantos paus se faz uma prancheta...
... enquanto Jetter Castro intriga Orlando com seus passes de mágica.
James Kudo em “Momento Cartier-Bresson”... CLICK!!!
Porém nós gostamos mesmo é do.... Momeeeeentooooo Poleeeeentaaaaaa!!!! Érico Marmiroli, Kako e Carlinha Ikeda... três cabeças pensam melhor que uma... e falam mais besteira também....
Hey Ho, Let’s Go... foto mais que instantânea de Ariel e Márcio.... CLICK!!!
Achim eu num conchigo falar, Orrrrlandooooo...
Orlando solta as bochechas de Cariello e inicia uma disputa acirrada contra Clayton Jr para ver quem desenha de cabeça as páginas 13 e 14 da Garagem Hermética de Moebius... não vale colar, héin?
Vencida a tarefa, Orlando é cumprimentado pelo seu semelhante Spacca... Ei!!! Eu estou falando da camiseta preta e do óculos. Como vocês são maldosos...
